A inflação crescente no Brasil tem impactado negativamente a popularidade do presidente Luiz. Esse aumento nos preços, particularmente de alimentos, tem pressionado o custo de vida, resultando em insatisfação crescente com o governo. Segundo a pesquisa da Quaest, a desaprovação do governo ultrapassou a marca dos 60% nos estados mais populosos. Mesmo no Nordeste, tradicional reduto do lulismo, a avaliação negativa tem crescido, refletindo uma perda de confiança na gestão econômica.
A inflação de alimentos tem um peso imenso na forma como as famílias percebem o custo de vida. Estudos demonstram que os consumidores formam suas expectativas inflacionárias com base na memória recente dos aumentos em itens essenciais, um fenômeno conhecido como Hipótese das Expectativas Enviesadas (BEH). Quando os alimentos sofrem aumentos expressivos, os consumidores tendem a ancorar a inflação geral, independentemente dos índices oficiais. Como os alimentos são adquiridos frequentemente, sua volatilidade afeta diretamente o orçamento familiar e molda a percepção de estabilidade econômica.
Diante desse cenário, as famílias adotam diferentes estratégias para lidar com o aumento do custo de vida. Entre elas, destaca-se a substituição de produtos, optando por versões mais baratas ou marcas de menor custo. Um exemplo comum é a troca da carne bovina por frango, do frango por ovos e a priorização de itens de menor qualidade. Mas o que fazer quando mesmo os itens mais baratos tem encarecido também?
Outra estratégia é a redução do consumo, seja comprando menos de determinados itens, seja eliminando produtos não essenciais da dieta. Esse corte afeta especialmente carnes e laticínios, impactando a nutrição e a segurança alimentar. Pesquisas indicam que a ingestão inadequada de proteínas pode comprometer o desenvolvimento infantil e agravar problemas de saúde pública, como anemia e desnutrição. Além disso, as famílias que têm condições financeiras às vezes podem recorrer à formação de estoques preventivos. Esse comportamento pode levar a uma escassez momentânea no mercado e, em alguns casos, a novos aumentos de preços devido à alta na demanda repentina.
Essas mudanças no comportamento de consumo impactam o mercado e reforçam a percepção de descontrole econômico. No longo prazo, a precarização da dieta dos mais pobres pode aumentar problemas de saúde, elevar os custos de assistência médica e reduzir a produtividade da força de trabalho, criando um ciclo de desigualdade mais profundo.
Assim, para grande parte da população, o preço dos alimentos é o termômetro da gestão econômica. Quando os custos são percebidos como incontroláveis, o governo é responsabilizado, independentemente dos indicadores macroeconômicos. A crise de confiança gerada por essa dinâmica é especialmente visível no Nordeste, onde o descontentamento com a inflação crescente ameaça o apoio tradicional ao governo.
Vale ressaltar ainda que famílias não analisam a inflação pelo índice oficial, mas pelo impacto direto no seu orçamento e na sua rotina. O feijão que encareceu, a carne que desaparece do prato e o café que vira luxo são os elementos que moldam a percepção econômica do brasileiro. O governo, no entanto, parece não estar dando a devida atenção ao problema, e a falta de respostas efetivas pode aprofundar ainda mais a crise de confiança da população.
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