A Acciona, empresa espanhola de infraestrutura sustentável, desenvolveu uma prancha de surfe a partir de materiais de uma turbina eólica desativada. A empresa foi responsável pelo projeto e utilizou uma das pás do aerogerador, que antes fazia parte de um parque eólico em Victoria, na Austrália.
A prancha foi feita em parceria com o surfista profissional Josh Kerr e com a marca Draft Surf, criada pelo atleta.
Segundo a Acciona, utilizar o material eólico trouxe maior resistência, controle e velocidade à prancha. O acessório faz parte de uma linha com dez protótipos de pranchas, focada em reaproveitar o material sustentável e transformá-lo em novos produtos.
As pranchas de surfe foram feitas à mão.
As tiras de pás de turbina reaproveitadas foram incorporadas ao deck e às quilhas, respectivamente a parte em que o surfista se apoia e a que tem contato com a água.
“Sabemos que nos próximos 10 a 15 anos, países como a Austrália terão um grande volume de pás de turbinas eólicas desativadas. Estamos agindo agora para explorar novas maneiras de reciclar e reutilizar o material de que são feitas”, afirma em nota Mariola Domenech, diretora global de sustentabilidade da Acciona Energia.
A iniciativa da Acciona, chamada de Turbine Made, é inspirada em uma experiência anterior da empresa, em que pás de turbinas eólicas foram reaproveitadas para produzir tênis com material sustentável. A colaboração foi feita com a marca de moda europeia El Ganso.
A Acciona também integrou materiais de pás recicladas a rastreadores solares em uma usina em Extremadura, Espanha. A empresa planeja reciclar mais turbinas em fim de vida útil em Navarra, na Espanha. O projeto deve começar em 2026.
“A criação de um protótipo de prancha de surfe é um exemplo de como estamos reimaginando os materiais de pás de turbinas desativadas e ampliando a inovação quando se trata de economia circular”, diz Domenech.
ENERGIA EÓLICA VIVE CRISE NO BRASIL
No Brasil, as indústrias de energia solar e eólica tiveram investimentos próximos de R$ 78 bilhões em 2024, crescimento de 2,7% em relação ao ano anterior.
Em 2024, foram instalados 14,3 GW (gigawatts) de energia solar em todo o Brasil, 1,8 GW a mais que em 2023, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (16) pela Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
A indústria eólica brasileira enfrenta uma crise desde que se consolidou no país, na década passada. A redução no número de encomendas causou o fechamento de fábricas no Nordeste e a demissão de milhares de funcionários.
Em entrevista à Folha em janeiro, Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), classificou o momento como uma inflexão do setor.
“Tivemos crescimento da eólica no Brasil nos últimos 15 anos, mas em 2024 tivemos a primeira inflexão dessa curva, pois a não contratação de 2022 resultou em uma menor instalação de parques eólicos”, disse. Ela espera que o setor volte a se recuperar em 2025.