A radiofrequência microagulhada é um procedimento que pode ser feito no rosto e no corpo que já conquistou famosas como Xuxa, Kim Kardashian, Victoria Beckham, Lindsay Lohan e Virgínia Fonseca.
A tecnologia aquece tecidos subcutâneos até 70º C e é indicada para eliminar rugas finas, manchas, gordura localizada em pequenas áreas (como papada) e texturas de pele (estrias e marcas de acne).
O Morpheus, desenvolvido pela empresa InMode, é o aparelho mais famoso desse tipo, mas existem outros disponíveis que exercem a mesma função, como o Intensif (da Endymed), o Eletroderme (da LMG), o Agnis (da Vydence), o Potenza (da Cynosure) e o Exion (da BTL).
“Esse calor induz a um processo de coagulação controlada e remodelação tecidual, reduzindo flacidez, cicatrizes, rugas e até gordura localizada em algumas regiões”, afirma Marcia Linhares, médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
As agulhas, dependendo da área tratada, penetram em até 8 milímetros na pele e atuam em diferentes profundidades, até camadas subcutâneas, nas quais liberam calor para estimular a produção de colágeno e elastina.
“No rosto, a gente utiliza uma ponteira com 24 agulhas e, no corpo, aplicamos uma que tem 40 agulhas. Elas podem ser ajustadas conforme a necessidade de cada paciente”, detalha a dermatologista Mayla Carbone.
A médica explica que a radiofrequência emite ondas que, ao atingirem determinada temperatura na camada mais profunda da pele, acabam estimulando a produção de fibras de colágeno.
“Consequentemente, promove uma retração do tecido. Isso é o que contribui para uma melhora da flacidez, um rejuvenescimento”, diz Carbone.
O procedimento custa, em média, de R$ 2.500 a R$ 5.000 por sessão, podendo chegar a R$ 20 mil, dependendo da área a ser tratada.
A recomendação é fazer de duas a três aplicações para rejuvenescimento e textura da pele e ao menos três para flacidez acentuada, cicatrizes profundas ou gordura localizada, com intervalos de quatro a seis semanas, a depender do local.
Precisa de anestesia?
“Anestesia é essencial”, afirma o cirurgião plástico Fernando Amato. O procedimento leva cerca de uma hora e a analgesia pode ser em tópica (com um creme aplicado sobre a pele), injetável ou por sedação leve.
“Creme anestésico tópico [lidocaína e tetracaína] é aplicado 30 a 60 minutos antes e funciona bem na face. Mesmo assim, nem todos os pacientes toleram bem o procedimento apenas com o tópico”, explica Amato. A injetável (lidocaína com vasoconstritor) geralmente é usada em áreas mais sensíveis ou extensas, embora haja um limite para a quantidade de anestésico injetado.
Para quem vai fazer em estrutura hospitalar, existe ainda a sedação leve. “Essa é a minha preferência. O dispositivo é então movido sobre a região tratada, causando microlesões controladas e a radiofrequência aquece o tecido promovendo o remodelamento cutâneo”, diz o cirurgião.
Segundo Linhares, a dor varia conforme a sensibilidade da pessoa e a área tratada. “O Morpheus pode ser desconfortável porque as microagulhas são longas e atingem camadas mais internas da pele, a radiofrequência aquece os tecidos a temperaturas elevadas”, diz a médica da SBD.
Outro ponto a considerar é que quanto maior o tecido a ser tratado, mais longo o tempo de exposição ao agulhamento. “Por isso, medidas de controle da dor são fundamentais para a realização do procedimento, como anestesia tópica, bloqueios anestésicos e até a sedação em casos mais extremos”, alerta Linhares.
Os resultados são bons?
A jornalista e empresária Patrícia Limeira, 52, fez duas sessões de Morpheus no rosto, colo e pescoço com anestesia tópica, mas diz não faria de novo, apesar de notar redução da papada. “Achei que o custo-benefício não compensou. Sou resistente à dor, mas doeu demais e tive que complementar com outra técnica, o ResurFX [laser fracionado], para reduzir a flacidez”, afirma.
Já a empresária Iázida Ayoub, 65, fez três sessões com analgesia por sedação e adorou. “Não senti nada. Quando acordei, estava plena, nada dolorido, só um pouco inchada e vermelha. A impressão que tive é que a pele colou no meu rosto e no meu pescoço. Fiz também o braço. Achei impressionante”, relata.
Ayoub ainda aproveitou a anestesia para colocar fios de PDO. “Fiz vários procedimentos estéticos, mas o Morpheus foi o que deu 80% do resultado. Em função da minha idade e dos problemas que causei na minha pele com tabagismo, o Morpheus foi o que mais amei”, diz.
Recuperação e cuidados
“O tempo de recuperação é geralmente curto, de dois a três dias. Porém, as marcas de entrada das micro-agulhas podem persistir por até algumas semanas em alguns pacientes”, explica o dermatologista Cristiano Tarzia Kakihara, membro titular da SBD.
Em geral, ocorre apenas vermelhidão e inchaço nos primeiros dias, com descamação leve por uma semana e cicatrização em até 10 dias. “Os resultados aparecem gradualmente e podem durar por mais de um ano. A melhora das queixas é nítida”, diz o médico.
“Idealmente deve ser realizado por médicos dermatologistas ou cirurgiões plásticos. E o tratamento melhora a pele, mas não substitui o lifting cirúrgico”, lembra Amato .
Hematomas, infecções e hiperpigmentação podem ocorrer, mas raras quando o procedimento é feito por profissionais qualificados.
Não é indicado para gestantes ou lactantes, pacientes com infecções ativas na pele, com tendência a queloide e má cicatrização, distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulantes, com doenças autoimunes que afetam a pele ou portadores de marca-passo ou implantes metálicos no local ser tratado.
Depois da sessão, é preciso evitar se expor ao sol por pelo menos 15 dias e coçar a região, bem como usar protetor solar fator diariamente e os cremes reparadores recomendados pelo médico.