A Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informou nesta quinta-feira (13) que o Plano 1, o maior da instituição, encerrou o ano de 2024 com déficit de R$ 17,6 bilhões. O valor contrasta com o superávit de R$ 9,8 bilhões em 2023.
O resultado acumulado de 2024, que considera o acumulado de 2023 e todos os investimentos ao longo do ano, foi de déficit de R$ 3,16 bilhões. No documento oficial dos resultados, a instituição diz que a oscilação é comum no mercado financeiro brasileiro e afirma que o segmento de renda variável foi o que mais contribuiu para o baixo desempenho do Plano 1.
“O resultado de 2024 é reflexo do que ocorreu no mercado, em especial de renda variável, mas as análises de cenário mostram que este ano será menos desafiador. O mais importante é que a estratégia que vem sendo executada está bem sedimentada e os planos da Previ se encontram em equilíbrio”, diz o diretor de investimentos da Previ, Cláudio Gonçalves, no documento. Janeiro de 2025 se encerrou com superávit de R$ 1,3 bilhão.
O resultado consolidado do ano é divulgado em meio a uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), aberta em fevereiro deste ano a pedido do ministro Walton Alencar Rodrigues, que investiga as contas do fundo.
Alencar Rodrigues disse que o fundo acumulava prejuízo e apontou que em 2024 os investimentos do plano renderam 1,58%, abaixo dos 16,12% de 2023. “Se tivessem pegado o dinheiro e comprado títulos do Tesouro teriam rendido o valor integral da Selic mais acréscimos”, disse.
Segundo o ministro, o desempenho traz perspectiva de danos graves para o Banco do Brasil, que “em caráter extraordinário poderá ser obrigado a contribuir paritariamente com os segurados”. Alencar Rodrigues também disse que “sérios problemas de gestão parecem estar a afligir a entidade”.
A Previ afirmou em fevereiro que recebeu os auditores do TCU para o levantamento de informações, que deve ser concluído neste mês. Diante dos resultados completos do ano, a Previ manteve a mesma posição divulgada quando a auditoria foi aberta, que afirma que não há rombo nem prejuízo nas contas do fundo.
“São conceitos bem distintos. A Previ não precisou vender nenhum ativo em 2024 para recompor suas reservas ou cumprir com suas obrigações. Pelo contrário, segue saudável pagando mais de R$ 16 bilhões em benefícios por ano, inclusive com recursos oriundos de dividendos das empresas que possui em seu portfólio”, afirmava nota de fevereiro.
No documento dos resultados desta quinta, Gonçalves voltou a reforçar esse discurso. “Mesmo diante de um resultado abaixo do esperado pela meta atuarial, é sempre bom lembrar que a Previ tem uma política de caixa mínimo, que mantém recursos líquidos necessários para garantir o pagamento de benefícios, sem a necessidade de venda de ativos.”
O Plano 1 é o plano de Previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil admitidos até dezembro de 1997 e encerrou o ano com R$ 225,1 bilhões investidos: R$ 143,9 bilhões alocados em renda fixa (63,9%), R$ 59,9 bilhões em renda variável (26,6%) e R$ 21,3 bilhões em outros investimentos (9,5%).