O governo fará uma alteração no conselho de administração da Petrobras em assembleia agendada para 16 de abril. O engenheiro José Fernando Coura substituirá Vitor Saback, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME (Ministério de Minas e Energia).
Inicialmente, a assembleia não trataria de renovação do conselho atual, eleito em 2024 com mandato de dois anos, mas a renúncia do conselheiro independente Marcelo Gasparino forçou a estatal a convocar uma nova eleição para oito dos 11 membros do colegiado.
Eles foram eleitos pelo sistema de voto múltiplo, no qual os acionistas depositam votos em candidatos isolados, e não em uma chapa. Estão na lista todos os conselheiros indicados pelo governo e o banqueiro Juca Abdalla, além da vaga de Gasparino.
O governo tem hoje seis representantes no conselho. A lista para a eleição mantém cinco deles, incluindo o presidente do conselho e secretário de Petróleo e Gás do MME, Pietro Mendes, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
A nomeação de Mendes para a ANP depende ainda de aprovação no Senado e enfrenta resistência do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, desafeto do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, padrinho do presidente do conselho da Petrobras.
Saback, também secretário de Silveira, é cotado para um cargo na estatal. Assim como Mendes, foi alvo de processo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre abuso de poder do governo ao nomear conselheiros questionados por órgãos internos de governança. Os dois e a União foram absolvidos.
Seu substituto, José Fernando Coura, tem histórico no setor de mineração, com passagem por empresas como Caemi e Companhia de Cimento Portland Itaú. É do conselho do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais.
Atuou na Secretaria de Minas e Energia do governo de Minas Gerais, foi diretor da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) e comandou o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), associação que representa mineradoras com interesses no país.
O governo tem direito a indicar oito nomes, mas não tem conseguido eleger todos nas últimas assembleias. Assim, os dois últimos da lista entregue à Petrobras, Benjamin Alves Rabelo Filho e Ivanyra Maura Medeiros de Correa, devem ficar de fora.
Essas vagas em aberto têm ficado com representantes de minoritários. Na assembleia de abril, serão disputadas por Abdalla, por Aloisio Macário Ferreira de Souza e por Thales Kroth de Souza.
Do conselho atual, permanecem em suas vagas os dois conselheiros eleitos por acionistas minoritários, Jerônimo Antunes e Francisco Petros, e a conselheira eleita pelos trabalhadores, Rosângela Buzanelli. Eles foram eleitos em 2024 para mandatos de dois anos.
Na assembleia de abril, os acionistas da Petrobras aprovarão ainda as demonstrações financeiras de 2024, ano em que a empresa experimentou queda de 70% no lucro líquido, e a remuneração aos acionistas pelo resultado.
Vão debater a remuneração dos administradores da companhia. A proposta, porém, ainda não foi divulgada pela estatal, que em 2024 previu um gasto de até R$ 43 milhões com salários, bônus e benefícios para diretores e conselheiros.