A Americanas, que está em recuperação judicial, informou nesta quarta-feira (26) que registrou prejuízo líquido de R$ 586 milhões no quarto trimestre, revertendo lucro de R$ 2,56 bilhões apurado no mesmo período de 2023, conforme balanço financeiro da companhia.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Americanas somou R$ 180 milhões no período de outubro a dezembro do ano passado, contra Ebitda negativo de R$ 1,18 bilhão apurado na mesma etapa em 2023.
O faturamento líquido da varejista caiu 4,5% no período em base anual, para R$ 4,3 bilhões.
No ano, a Americanas lucrou R$ 8,28 bilhões, ante o prejuízo de R$ 2,27 bilhões em 2023, devido principalmente a ganhos financeiros decorrentes da quitação das dívidas concursais.
A empresa encerrou 2024 com um endividamento bruto de R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 1,7 bilhão em debêntures públicas e R$ 66 milhões em empréstimos e financiamentos de curto e longo prazos de empresas não recuperandas pertencentes ao grupo Americanas.
Considerando passivos remanescentes do plano de recuperação judicial da varejista, a Americanas informou que fechou o ano passado com um saldo de caixa líquido de cerca de R$ 450 milhões.
No lado operacional, o volume bruto de mercadorias (GMV) foi de R$ 6,5 bilhões no quarto trimestre de 2024, uma redução de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com impacto da queda de 47% no GMV do segmento digital.
A empresa também disse que no 4º trimestre estabeleceu acordo com instituição financeira com o objetivo de viabilizar a liquidação antecipada com fornecedores, em operações conhecidas como risco sacado que somam R$ 49 milhões.
Esse tipo de operação protagonizou a fraude contábil de R$ 20 bilhões da empresa, revelada em janeiro de 2023. Segundo fato relevante divulgado pela Americanas em junho daquele ano, um total de R$ 18,4 bilhões de risco sacado foi “inadequadamente” contabilizado pela companhia ao longo de anos.
“Importante destacar que a Americanas não está exposta a risco significativo de liquidez, uma vez que os acordos de financiamento com fornecedores envolvem um número restrito de passivos e não existem alterações nos prazos e valores originais de pagamentos, não impactando a gestão de capital de giro da companhia”, disse a empresa.
As vendas no conceito mesmas lojas, um importante indicador do varejo, cresceram 15% nos últimos três meses do ano, apoiadas no período promocional da Black Friday e o Natal.
A Americanas disse que, ao longo de 2024, encerrou as operações de 92 unidades que não atendiam aos seus “critérios de viabilidade”, chegando a 1.587 lojas no total, e acrescentou que, em paralelo, iniciou a busca por novos pontos com “maior potencial”.
“Como parte desse movimento estratégico, inauguramos uma nova unidade na cidade de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza”, afirmou a companhia, que tem mirado a abertura de lojas principalmente na região Nordeste do país.