Os funcionários do C6 Bank acusam a instituição financeira de pagar uma PLR (participação nos lucros e resultados) menor do que o devido à categoria após a companhia ter alcançado, em 2024, lucro de R$ 2,3 bilhões.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, o C6 criou uma comissão interna de empregados, sem participação da representação da categoria, para justificar repasses menores. Nessa comissão teria sido criado um programa próprio de resultados que desconsiderou a convenção coletiva da categoria, cujo acompanhamento é feito pelo sindicato.
Além disso, foram excluídos funcionários de cargos que não são considerados pelo banco como bancários. É o caso de assistentes, auxiliares, atendentes, cargos comerciais de áreas de veículos, operadores de atendimento, entre outros.
Pelas regras estabelecidas na convenção coletiva da categoria, a PLR é composta de uma regra básica correspondente a 90% do salário-base do empregado mais um adicional de verbas fixas. Os bancos devem distribuir 5% dos lucros.
“O C6 deixou de pagar R$ 45 milhões de PLR, devidos aos trabalhadores. Esperamos que o banco reveja seu posicionamento e pague corretamente o que deve”, disse em nota Neiva Riveiro, presidente do Sindicato dos Bancários.
Nos casos em que o total pago pelo banco como regra básica for inferior ao estipulado na convenção, os valores individuais de PLR devem alcançar até 2,2 salários do empregado ou somarem os 5% do lucro. Para as parcelas adicionais a distribuição é linear, com valores iguais para todos os empregados elegíveis, de 2,2% do lucro líquido do exercício, até o limite individual de R$ 6.942.
Consultado, o C6 disse à Folha que seguiu integralmente a legislação trabalhista e confirmou que adota um modelo próprio de remuneração variável. De acordo com o banco, essa metodologia leva em consideração o alinhamento cultural e a contribuição individual para a organização por parte dos funcionários.
“Esse modelo foi aprovado em acordo coletivo por uma comissão interna de funcionários, sem prejuízo aos colaboradores. O sindicato foi convidado a participar da assembleia, mas não compareceu”, disse o banco em nota.
Está prevista para esta quinta (10) uma reunião entre o sindicato e o C6 com a mediação da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). A rodada de conversas é vista como o ponto de início para definir quais atitudes legais serão tomadas.
De acordo com o sindicato, o lucro do C6 foi comunicado aos trabalhadores em 26 de setembro do ano passado. No dia 30, data do crédito, os bancários deram conta de que o valor repassado foi menor do que o previsto e cobrou explicações do C6.
Desde então, diversas reuniões foram feitas para resolver a situação, porém o caso pouco avançou.