O banqueiro André Esteves, chairman do BTG Pactual, vai assumir assento no conselho de administração da Eneva, a maior operadora privada de gás natural do país. A mudança na composição foi anunciada nesta sexta-feira (28), dentro de uma reestruturação do colegiado que eleva, de três para quatro, o número de representantes do BTG.
Na dança das cadeiras, Felipe Gottilieb, da área de capital privado do BTG, deixa o conselho de administração para integrar o comitê financeiro da companhia. Em seu lugar assume Rodrigo Alves, sócio do BTG, da área de private equity e infraestrutura, que acompanha o setor energia, especialmente o segmento de térmicas, e está no banco há 17 anos.
Também pelo BTG permanecem no conselho Renato Mazzola, sócio do banco responsável pela área de private equity e infraestrutura, e Barne Laureano, diretor executivo do banco, que atua há quase 50 anos na implantação de projetos de distribuição, geração e transmissão no setor elétrico brasileiro.
A gestora Cambuhy Investimentos passa a ter um representante. O sócio-fundador da Cambuhy, Marcelo Medeiros, deixa o conselho, e permanece Guilherme Bottura.
Também ficam os conselheiros independentes Henri Philippe Reichstul, que está na presidência do colegiado, e José Afonso Castanheira, que ocupa a vice-presidência.
Pelo cronograma, a nova chapa para o conselho vai ser votada em 30 de abril. Em 14 maio ocorre a escolha do presidente.
A nova composição do conselho faz parte de um processo maior que reforça a aposta do BTG na Eneva. O banco até tentou um voo solo no setor de gás. No entanto, em julho do ano passado, consolidou na Eneva os seus ativos de geração de energia e fez um aporte de capital, reduzindo a alavancagem da companhia e elevando a sua participação para 48,5%.
A avaliação do time do BTG é que o gás, mesmo tendo origem fóssil, é um combustível estratégico na transição energética, especialmente como substituto de fontes mais poluentes e geradoras de gases de efeito estufa, como carvão e diesel. No segmento de geração de energia elétrica, é visto como alternativa para garantir estabilidade ao sistema frente ao avanço de energias intermitentes, como solar e eólica.
Nos últimos dez anos, a Eneva investiu cerca de R$ 14 bilhões para se posicionar na exploração e produção de gás e na geração de energia térmica, se fortalecendo no setor aproveitando as sinergias das diferentes operações.
É a quarta empresa em produção de gás no Brasil, atrás de Petrobras, Shell e Total, e a segunda quando se considera apenas exploração em terra, onshore. Tem 25%, enquanto a Petrobras tem metade. Investiu num terminal de regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito) em Barra dos Coqueiros, em Sergipe, que importa o insumo do Qatar.
Seu parque térmico a gás, que soma 4.455 MW (mega-watt) de potência, equivale a praticamente 25% da capacidade do país com esse tipo de suprimento. Ainda aposta na venda do combustível para frotas de caminhões de transporte de grãos e para indústrias.
Entre os focos de crescimento para o futuro, a companhia mira investimentos em exploração e produção, no mercado de gás não conectado à malha de gasodutos e na disputa em leilões regulados de energia, como o leilão de reserva de capacidade, que ocorre neste ano.