O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nessa quinta-feira (6) um decreto que cria uma “Reserva Estratégica de Bitcoin”, em uma demonstração de apoio a um ativo criticado por seu uso como ferramenta para a lavagem de dinheiro.
A reserva governamental será composta de moeda digital apreendida em processos criminais nos Estados Unidos, afirmou David Sacks, o “czar” das criptomoedas da Casa Branca, em uma publicação nas redes sociais, lembrando que a medida cumpre uma promessa de campanha de Trump.
“(O uso de ativos confiscados) significa que não custará um centavo para o contribuinte”, ressaltou Sacks. Segundo ele, o propósito da Reserva é a gestão responsável dos ativos digitais do governo sob o Departamento do Tesouro.
O preço do bitcoin chegou a cair até 5,7% após o anúncio, aparentemente devido à decepção pelo fato de o programa não envolver compras imediatas do ativo pelo poder público.
A medida foi anunciada um dia antes de uma reunião na Casa Branca da qual participarão nomes importantes do setor de criptomoedas que foram doadores importantes da campanha de Trump para a Presidência.
A intenção do encontro desta sexta-feira é discutir como o governo norte-americano implementará a visão do bilionário de tornar o país a “capital mundial das moedas digitais”.
Trump receberá nomes que incluem Michael Saylor, presidente-executivo da MicroStrategy, e Zach Witkoff, um dos fundadores do negócio de criptomoedas do próprio Trump, World Liberty Financial, de acordo com publicações das redes sociais dos executivos.
Vlad Tenev, presidente-executivo da Robinhood Markets também estará presente, de acordo com uma porta-voz da Robinhood. Witkoff e Saylor não comentaram o assunto ao serem procurados pela Reuters.
Os participantes esperam que o evento se concentre nos planos de Trump de montar a reserva estratégica contendo bitcoin e quatro outras moedas eletrônicas.
“Pela primeira vez, os líderes do setor sentem que estão entrando em uma discussão colaborativa”, afirmou Les Borsai, cofundador da Wave Digital Assets, um consultor de investimentos em criptomoedas, que disse não ter recebido um convite.
Os participantes disseram que estão concentrados em quaisquer detalhes adicionais sobre a reserva estratégica dos EUA.
“Essa (reserva estratégica) será o maior ponto de discórdia para muitos de nós”, comentou JP Richardson, cofundador e presidente-executivo da Exodus, uma desenvolvedora de carteiras de bitcoin. Embora seja proprietário das outras quatro moedas que Trump sugeriu incluir na reserva, ele não acredita que elas tenham lugar em uma reserva estratégica.
“As criptomoedas fizeram grandes avanços, mas ainda são um setor relativamente incipiente”, disse Richardson. As outras moedas são menores e funcionam de uma maneira muito diferente, o que, segundo ele, pode gerar mais riscos.
Brian Armstrong, cofundador e presidente-executivo da Coinbase, publicou no X no domingo que uma reserva somente de bitcoin era “provavelmente… a melhor opção” Tanto Richardson quanto Armstrong confirmaram à Reuters que participarão da reunião na Casa Branca.
Também no X, Brad Garlinghouse, presidente-executivo da Ripple, que também confirmou sua presença na cúpula, saudou o reconhecimento de Trump de que “vivemos em um mundo multichain” que vai além do bitcoin. A XRP, a moeda vinculada à Ripple, é uma das quatro outras criptomoedas que Trump sugeriu que poderiam ser adicionadas a uma reserva norte-americana.
“O que todos realmente precisam ter neste momento é clareza sobre qual será o nível de fiscalização e a intensidade da regulamentação, quem serão os principais reguladores”, apontou Yesha Yadav, reitor associado e professor de direito da Universidade de Vanderbilt. Isso poderia acelerar o processo de aprovação pela Comissão de Títulos e Câmbio de uma enxurrada de novas listagens de fundos negociados em bolsa.
A família de Trump lançou moedas meme e ele também detém uma participação na World Liberty Financial, uma plataforma de criptomoedas, o que gerou algumas preocupações sobre conflito de interesses. Seus assessores afirmam que Trump entregou o controle de seus empreendimentos comerciais, que estão sendo analisados por advogados de ética externos. A Casa Branca não se manifestou.
Com informações de AFP e Reuters