Os cortes de empregos estão acontecendo rapidamente na Volkswagen. Desde dezembro, a empresa anunciou planos para reduzir sua força de trabalho na Alemanha em 35 mil postos ao longo de cinco anos, eliminar 1.900 posições na Porsche e 7.500 na Audi, além de reduzir seu negócio de software em cerca de um terço.
Mas uma análise mais detalhada de como a empresa se compara com alguns de seus maiores concorrentes mostra que, mesmo que a empresa siga adiante com todas essas medidas, ainda empregará muito mais pessoas do que seus pares.
A Volkswagen terminou 2024 com 679.472 funcionários, conforme divulgado em seu relatório anual divulgado na semana passada. Embora isso represente uma queda de cerca de 0,7% em relação a 2023, o total ainda supera os 384.338 funcionários da Toyota.
No relatório, a Volkswagen também revelou que terminou o ano com 293.338 pessoas empregadas apenas na Alemanha. O número supera o total de empregados em todo o mundo da Stellantis, segunda maior montadora da Europa.
Os números explicam por que líderes anteriores da Volkswagen descreveram a empresa como um navio-tanque de movimento lento. O CEO Oliver Blume tomou medidas para mudar isso, negociando um acordo com o poderoso conselho de trabalhadores da fabricante no final do ano passado, que se espera gerar cerca de 4 bilhões de euros (US$4,3 bilhões) em economias anuais.
Embora isso tenha sido um grande avanço, a Volkswagen ainda não adotou as medidas mais drásticas que a administração havia proposto, como o fechamento de várias fábricas na Alemanha.
A Volkswagen e seus compatriotas mantêm a esperança de que a mudança histórica da Alemanha para um maior gasto governamental reviva a maior economia da Europa após dois anos de contração. A perda de energia barata da Rússia, a demanda doméstica fraca e as exportações em declínio levaram empresas como a siderúrgica Thyssenkrupp e o conglomerado Siemens a cortar pessoal. Uma desaceleração mais ampla no setor automotivo atingiu fornecedores como Schaeffler, Robert Bosch e Continental.
Implementar cortes de empregos na Volkswagen é difícil. Representantes dos trabalhadores ocupam metade dos assentos no conselho de supervisão da montadora, e o estado alemão da Baixa Saxônia —que tende a apoiar os sindicatos— tem mais dois assentos.
A Volkswagen ainda fabrica muitos de seus componentes internamente —incluindo motores elétricos, caixas de câmbio e eixos— e planeja aumentar a produção de baterias para veículos elétricos. Tudo isso contribuindo para seu quadro de funcionários inchado. Mas os executivos alertaram que as vendas fracas na Europa deixaram a empresa com cerca de duas fábricas de automóveis a mais, e que a VW precisa se tornar mais enxuta para competir com a Tesla e novos concorrentes da China.
Devido às leis trabalhistas alemãs, grande parte dos cortes de pessoal que a Volkswagen e seus pares planejaram ocorrerá por meio de atrito e aposentadorias de vagas que não serão preenchidas novamente.
Colaboraram William Wilkes e Stefan Nicola