O neurocientista Álvaro Machado Dias não se impressiona com notícias bombásticas sobre computação quântica e sua incrível capacidade de processamento de dados. Especialista em avaliar tendências de médio e longo prazo, ele considera que esse tipo de tecnologia ainda demora para mostrar resultados.
“Superestimamos o poder dos computadores quânticos. Ou, mais do que isso, a janela temporal para que o computador quântico faça algo que o computador digital não é capaz de fazer” afirma em seu curso na CasaFolha, o streaming de conhecimento lançado pela Folha.
“Escalar o computador quântico é difícil. Nesse contexto, a gente vem observando que a inteligência artificial, usada de maneira inteligente em computadores digitais, é suficiente para resolver boa parte dos problemas que supostamente apenas o computador quântico resolveria”, diz em aulas exclusivas disponíveis no site casafolhasp.com.br.
Isso, diz ele, tende a reduzir os investimentos e adiar o grande momento da computação quântica. “Eu tenho certeza de que vai acontecer [esse grande momento], mas parece que vai tomar mais tempo do que originalmente se supôs”, diz o neurocientista, que é colunista da Folha e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Suas declarações estão na CasaFolha, plataforma que já conta com outros 18 cursos de grandes personalidades, como o cineasta José Padilha, que fala sobre a arte de contar histórias, o ex-ministro Pedro Malan, que explica como analisar a economia, a Monja Coen, que ensina meditação, e a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que aborda o potencial do cérebro.
No ar desde setembro do ano passado, a CasaFolha incorpora novos conteúdos todos os meses. Em março, por exemplo, será lançado um curso de escrita criativa com o escritor Itamar Vieira Junior, autor de “Torto Arado” e “Salvar o Fogo”, livros que somam mais de 1 milhão de cópias vendidas e venceram diversos prêmios literários.
Todas as aulas podem ser acompanhadas por membros da CasaFolha. É possível se vincular à plataforma pelo endereço casafolhasp.com.br/assine. A assinatura, com desconto promocional de 67%, sai por R$ 19,90 por mês no plano anual (R$ 59,90 sem a promoção) e inclui acesso ilimitado a todas as notícias da Folha no site e no aplicativo para celular e tablet.
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O curso de Álvaro, chamado “Inteligência artificial e o futuro da humanidade”, estreou no dia 15 de janeiro. É anterior, portanto, ao anúncio feito pela Microsoft na semana passada, quando a gigante da tecnologia disse ter dado um passo inédito capaz de acelerar a construção de um computador quântico.
“A atenção à computação quântica vem em ondas. A atual é forte, com o Google falando em multiversos e a Microsoft alegando ter encontrado um novo estado da matéria. Porém, nada disso está provado”, diz o neurocientista em entrevista ao jornal.
“O mais provável é que essas máquinas se tornem úteis entre 2034 e 2039, avançando nas simulações da realidade, degradação de microplásticos e quebra de criptografias pesadas, o que terá imensa relevância geopolítica”, completa.
Na CasaFolha, Álvaro aborda o tema da computação quântica em aula sobre o avanço da tecnologia, que ele diz ser o assunto favorito dos futuristas. Enquanto ele aponta esses supercomputadores como um tema superestimado, ele diz que a realidade aumentada tem sido subestimada.
“Em 7 a 10 anos, é muito provável que as interações humanas estejam sendo feitas cada vez mais através de óculos de realidade virtual, que deverão ser os substitutos principais dos celulares”, afirma o neurocientista.
Como futurista, boa parte de seu trabalho consiste em avaliar tendências atuais e separar o joio do trigo, ou, no caso, separar o que é simples oba-oba do que veio para ficar. E ele só consegue fazer isso porque dispõe de uma série de princípios para pensar o futuro —os quais ensina na CasaFolha.
“Para ter bons modelos de futuro é importante ter bons modelos de como funciona a sociedade e a mente das pessoas”, diz Álvaro, que atua no laboratório interdisciplinar de neurociências clínicas da Unifesp, onde trabalha com temas como processos decisórios no cérebro humano e desenvolvimento de algoritmos.
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