Nove meses após a apresentação do novo compacto Grande Panda na Itália, a Fiat deu mais detalhes sobre a estratégia para o modelo no mercado brasileiro. Em entrevista ao portal Automotive News Europe, Olivier François, CEO da marca, falou sobre como o hatch com jeito de Uno será posicionado.
Segundo o executivo, trata-se do primeiro modelo global da marca desde 1996, ano de lançamento do Palio. O antigo popular foi vendido em praticamente toda a América Latina, África do Sul, Leste Europeu e na Ásia.
O alcance foi tão grande que chegou a ter derivados comercializados com outras marcas, como Dodge (Venezuela e México), Zotye (China) e Pyeonghwa Hwiparam (Coreia do Norte).
Agora, com o desejo de ter um produto com o mesmo alcance mundial, François confirmou que o Grande Panda chegará ao mercado brasileiro, onde vai ocupar o espaço do Argo.
Na motorização, deve adotar o 1.0 flex de três cilindros em versões com ou sem turbo, como já ocorre com diferentes modelos do grupo Stellantis. Espera-se ainda por opções híbridas.
Entretanto, o Grande Panda não deve chegar aqui exatamente igual ao modelo europeu, e é possível que nem mesmo o nome seja mantido. Seja como for, a nova família de compactos da Fiat fará parte do plano de investimentos de R$ 30 bilhões prometido pela empresa até 2030.
Houve atrasos para seu lançamento na Itália, e as vendas só começaram neste mês. O modelo chegou com duas opções de motorização, a começar pelo Grande Panda Hybrid. Há três diferentes configurações de acabamento disponíveis para o hatch: Pop, Icon e La Prima.
O primeiro, de apelo básico, oferece rodas de aço de 16 polegadas, faróis halógenos, ar-condicionado manual, painel digital com tela de 10 polegadas e acionamento elétrico dos vidros dianteiros elétricos e do freio de estacionamento. Custa a partir de 18.900 euros, equivalente a R$ 116 mil em conversão direta.
Logo acima, a versão Icon acrescenta os faróis chamados Pixel, com LEDs, maçanetas pretas e sistema de som com tela sensível ao toque. As janelas traseiras também recebem acionamento elétrico, bem como os retrovisores. Nesse caso, o preço sobe para 20,4 mil euros (R$ 125 mil).
Já a versão La Prima, que custa o equivalente a R$ 140,6 mil e oferece rodas de liga leve aro 17, barras de teto, vidros fumê, ar-condicionado automático, bancos em tecido premium, sistema de navegação por GPS, carregamento para smartphones e sensores de chuva e de estacionamento.
Em todas as versões híbridas, o hatch tem conjunto mecânico formado por motor 1.2 de três cilindros a gasolina (100 cv). A bateria de 0,9 kWh alimenta o motor elétrico de 28,5 cv integrado ao câmbio automatizado de dupla embreagem. O sistema é do tipo híbrido leve, de 48V.
A opção Elettrica está disponível em duas versões e com preços a partir do equivalente a R$ 152,9 mil. O conjunto inclui motor de 113 cv alimentado por bateria de 44 kWh que permite atingir 132 km/h de velocidade máxima. A autonomia divulgada dentro do ciclo europeu é de 320 km.
Os faróis com LEDs das configurações mais caras trazem um ar futurista ao carro, enquanto o interior colorido e com parte do acabamento feitos de tecido derivado do bambu transmite refinamento.
Entretanto, a cabine deve ser menos ousada no Brasil. O primeiro Panda foi apresentado em 1979 e antecipou o estilo do Uno, lançado em 1983. Ao longo dos anos, os modelos sempre guardaram semelhança técnica e estética. Agora, com a nova geração, tudo indica que a similaridade poderá ser transferida para o Argo.
O objetivo do grupo Stellantis é unificar as linhas da Fiat na Europa e na América do Sul, e é no Brasil que a italiana tem mais força. O novo compacto global deverá ser produzido em Betim (MG) a partir de 2026, aposentando também o subcompacto Mobi.
O Grande Panda será o primeiro nessa estratégia de unificar os modelos Fiat oferecidos mundialmente, e o grupo Stellantis está olhando muito para o mercado brasileiro, devido ao sucesso alcançado aqui com veículos desenvolvidos para o país.
Lançado em 2017, o Argo completa oito anos de mercado, momento em que deveria ganhar uma nova geração ou um substituto. A mudança deve vir acompanhada de uma nova família.
Tanto é que o conceito do Grande Panda foi mostrado com mais três protótipos: um SUV, convencional, um SUV de estilo cupê e uma picape compacta, sendo que os dois últimos têm inspirações claras nos modelos Fastback e Strada, desenvolvidos no Brasil.
Quando chegar ao mercado nacional, o hatchback deverá ter algumas mudanças no design para atender ao gosto local e reduzir um pouco os custos, como a retirada do painel de LED frontal. A mudança do nome Grande Panda deve ocorrer por não ser um batismo conhecido pelos brasileiros.
Apesar de manter a plataforma Smart Car da versão europeia, a base da opção brasileira estará mais próxima de carros já conhecidos, como as gerações atuais do Citroën C3 e do Peugeot 208, também construídos sobre essa arquitetura.
Ao portal Automotive News Europe, Olivier François, CEO da Fiat, lembrou que a empresa tem a maior parte de seu volume de vendas (60%, segundo o executivo) concentrada fora da Europa, o que justifica a regionalização de seus diferentes modelos.