Nas últimas semanas, tive minha credibilidade colocada em xeque por um motivo que seria cômico, se não escancarasse um preconceito social ainda muito enraizado: meu nome.
Sim, Natalia Beauty. O nome que escolhi para representar o que construí. O nome que carrego com orgulho. O nome que transformou minha história e a de milhares de mulheres ao redor do mundo.
Te incomoda? Pois deveria incomodar menos do que o fato de, em pleno 2025, ainda existir gente que acredita que quem trabalha com beleza não pode ser levada a sério. Gente que ainda acha que sobrancelha e batom são sinônimos de futilidade. Gente que confunde simplicidade com ignorância e estética com alienação.
Eu sou empresária. Multimilionária. Fundadora de um ecossistema que inclui clínicas, universidade, franquias, instituto social, e-commerce e colaborações com marcas globais. Palestrante em Harvard. Reconhecida internacionalmente. Responsável por levar capacitação profissional a mulheres vítimas de violência doméstica, em penitenciárias femininas, em instituição pública que atende jovens infratores no estado de São Paulo e nas periferias.
Mas para alguns, nada disso importa. Porque tenho “Beauty” no nome.
A verdade nua e crua? O problema nunca foi meu nome. O problema é o que ele representa. Ele não soa como nome de colunista da Folha porque vocês ainda estão presos à ideia de que intelectualidade precisa vir de terno, cara lavada e palavreado rebuscado.
Eu sou uma mulher que se maquia, que empreende com a estética, que fatura com beleza. E, sim, que pensa. Que escreve. Que provoca. Que incomoda. Que tem opinião formada. Que assina coluna. Que desafia o modelo ultrapassado de quem pode ou não ocupar certos espaços.
Choca, né?
A beleza sempre foi tratada como um território frívolo. Mas é nesse território que mulheres ganharam autonomia, voz, renda, autoestima, liberdade, segurança e protagonismo. A estética é uma das poucas áreas que, historicamente, não precisou de aval masculino para crescer. Talvez por isso incomode tanto.
Enquanto muitos discutem teoria, eu gero empregos. Transformo vidas. Pago impostos. Faço distribuição de renda real, na prática, com técnica, visão e estratégia. E ainda sou chamada de superficial.
Então me permita ser clara: não é o batom que te incomoda. É a força de quem segura o bastão.
Me julgam por ser “bonita demais”, “maquiada demais”, “exposta demais”, “digitalk demais”. Mas ninguém questiona um CEO de terno e gravata quando ele fala sobre inovação. Ninguém questiona um economista com sobrenome importado escrevendo sobre desigualdade.
Mas questionam a Natalia Beauty.
E sabe por quê? Porque o meu sucesso não foi autorizado. Foi conquistado.
O incômodo não é estético. É simbólico. É a quebra do roteiro. É ver uma mulher que foge da curva, mas que sabe exatamente onde pisa. Que trabalha com beleza, mas fala sobre política, negócios, poder e sociedade. Que se recusa a pedir desculpa por ser múltipla, forte e vaidosa.
Eu não escrevo para ser aceita. Escrevo para abrir caminho. Para cutucar. Para gerar debate. E se o seu filtro não me entende, talvez o problema não esteja na maquiagem, mas no espelho.
E antes que me acusem de vitimismo: não. Eu não quero aprovação. Já entendi que ela vem com limites embutidos. Eu quero respeito. E isso, sinto muito, não se condiciona ao nome que escolhi, mas à história que construí com ele.
Natalia Beauty incomoda? Ótimo. Que continue incomodando. Porque enquanto você julga, eu sigo criando.
E acredite: esse é só o começo.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.