Pressionada pela conta de luz, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou a 1,31% em fevereiro, apontou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta (12). A alta veio após variação de 0,16% em janeiro.
A alta de 1,31% é a maior para fevereiro em 22 anos, desde 2003 (1,57%). O resultado veio em linha com a mediana das previsões do mercado financeiro, que também era de 1,31%, segundo a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas era de 1,2% a 1,41%.
Com o novo resultado, o IPCA acelerou a 5,06% no acumulado de 12 meses, após marcar 4,56% até janeiro.
É a primeira vez que o índice fica acima de 5% desde setembro de 2023 (5,19%). O teto da meta de inflação no país é de 4,5%.
O IPCA havia perdido força no primeiro mês deste ano com o desconto pontual do bônus de Itaipu nas contas de luz. Desta vez, a medida só entrou em vigor em janeiro devido a um atraso na conclusão do processo.
Com o bônus, a taxa de 0,16% foi a menor para o primeiro mês do ano desde o início do Plano Real, em 1994. Agora, houve uma reversão.
Após o alívio temporário, analistas esperavam que o IPCA fosse pressionado pela energia elétrica já em fevereiro. O período também teve aumento do ICMS (imposto estadual) de combustíveis e reajustes sazonais de mensalidades escolares.
Em 2025, o BC (Banco Central) passa a perseguir a meta de inflação de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).
No novo modelo, o alvo será considerado descumprido quando a variação acumulada pelo IPCA permanecer por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro da meta é de 3%.
As projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 5,68% ao final do ano, de acordo com a mediana do boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda (10).
Em uma tentativa de conter a inflação e ancorar as expectativas, a instituição passou a subir a taxa básica de juros (Selic) em setembro de 2024. A Selic está em 13,25% ao ano e deve fechar dezembro de 2025 em 15%, indica o Focus.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o colegiado do BC que define a taxa de juros, ocorre na semana que vem. O encontro está agendado para os dias 18 e 19 de março.
Ao longo dos últimos meses, o IPCA foi pressionado pela alta dos alimentos. A carestia virou dor de cabeça para o governo Lula (PT) em um momento de queda da popularidade do presidente.
Em busca de uma redução dos preços, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleos e açúcar.
Associações de produtores, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua. A ausência de fornecedores competitivos é apontada como uma das explicações para essa análise.