A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta quinta-feira (27) que a queda de lucro em 2024 foi provocada por “uma coisa que não é real” e que a direção da empresa está otimista com relação ao desempenho de 2025.
A empresa fechou o quarto trimestre com prejuízo de R$ 17 bilhões, que levou a uma queda de 70% no lucro anual, para R$ 36,6 bilhões. Segundo a companhia, o desempenho foi provocado principalmente por efeitos da desvalorização cambial sobre dívidas entre suas subsidiárias.
“O lucro da Petrobras foi impactado por uma coisa que não é real”, afirmou Magda, em entrevista à imprensa para detalhar o balanço. “É uma coisa imaginária.” Segundo a empresa, a variação cambial teve efeito negativo de R$ 59 bilhões no resultado do ano.
A direção da companhia disse que o resultado já deve ser revertido com a queda do dólar nesse início de 2025. Se o câmbio fechar o trimestre em torno dos R$ 5,75, afirmou Magda, o lucro da empresa no período sofrerá um efeito positivo de R$ 11 bilhões.
Magda afirmou que, sem os impactos da variação cambial e de outros eventos extraordinários como o acordo para quitação de débitos tributários com a Fazenda, o lucro líquido da empresa seria de R$ 109 bilhões em 2024.
“Sabemos que todo mundo esperava um lucro um pouquinho maior da Petrobras”, afirmou a executiva, dizendo que foi um ano “extremamente proveitoso”.
Magda citou dados como o fluxo de caixa positivo de R$ 240 bilhões durante o ano e a redução da dívida financeira ao menor nível desde 2008 como conquistas do ano. Afirmou ainda que a empresa cumpriu sua meta de produção de petróleo e gás e conseguiu incorporar novas reservas.
As ações da empresa despencaram no pregão desta quinta, mas a avaliação interna é que o movimento reflete ruídos sobre ampliação do investimento do que sobre a queda do lucro, já que se trata de um evento extraordinário.
Logo pela manhã, relatórios de bancos levantavam dúvidas sobre o aumento de 31% nos investimentos durante o ano, que chegaram a um valor 15% superior ao projetado pela companhia. O tema foi debatido exaustivamente na teleconferência da direção da empresa com analistas.
Magda defende que não houve aumento de investimentos, mas antecipação de recursos que seriam gastos em 2025 em plataformas do campo de Búzios, o maior produtor de petróleo do país. “Não ampliamos investimentos”, afirmou ela.
“Aliviamos o primeiro trimestre de 2025, entregando óleo novo”, completou. Segundo a empresa não há previsão de novas antecipações de investimentos este ano. Mas Magda não descarta, se houver oportunidade. “Estamos acelerando a produção e não vamos parar.”
A presidente da Petrobras disse que a estatal pode ter contribuído com o ruído ao rever para baixo as projeções de investimento da companhia em agosto. “Talvez tenhamos sido um pouco drásticos conosco mesmos”, afirmou.
A empresa defende que, embora tenham ficado acima da meta final, os investimentos de 2024 ainda foram inferiores à primeira projeção, feita ainda sob a gestão Jean Paul Prates.
Questionada sobre eventuais efeitos da nova política de preços dos combustíveis sobre o resultado, Magda respondeu “acho que nenhum”. Segundo ela, a empresa vem praticando preços que lhe garantam lucro enquanto preserva sua fatia no mercado de combustíveis.
Magda afirmou que a Petrobras é “uma tremenda geradora de caixa” e que tem grande crescimento da produção já contratado: o campo de Búzios, por exemplo, deve atingir em 2030 a marca de 2 milhões de barris de petróleo por dia, mais da metade da produção atual de petróleo.
“É uma produção maior do que a de muitos países produtores e exportadores de petróleo”, afirmou. “Estamos extremamente otimistas com a Petrobras.”