O discurso de uma funcionária da Petrobras contra a proposta de redução de home office da estatal foi alvo de críticas e discussões nas redes sociais, com posts que ironizam as declarações e afirmam que os servidores da estatal teriam um regime privilegiado na comparação com outros trabalhadores. Enquanto isso, outras pessoas defendem o sistema híbrido como forma de aumentar a produtividade.
No vídeo, divulgado nesta quarta-feira (19) e compartilhado pelo Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) no Instagram, a técnica de segurança do trabalho Luciana Frontin lê uma carta direcionada à diretoria executiva da empresa. O texto foi lido em evento interno de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) da Petrobras, na terça-feira (18).
“Só a ideia do impacto de volta aos três dias de presencial já está me deixando preocupada, elevando meu nível de estresse, afetando minha saúde e minha produtividade. A antecipação dos cinco dias já está gerando ansiedade ao ponto de causar sintomas físicos, o que eu nunca senti em 17 anos de empresa”, diz Luciana, que trabalha há 17 anos na empresa.
À Folha a técnica de segurança diz que a Petrobras não apresentou dados que mostrem perdas do trabalho realizado no híbrido. “Se vamos perder saúde, o mínimo que queremos é que faça sentido.”
“As mães serão impactadas, além de colegas que estão morando fora e precisarão se adaptar”, diz.
Um dos posts de críticas no X (ex-Twitter) tinha 731,9 mil visualizações e mais de mil respostas nesta quinta-feira (20), e foi compartilhado pelo prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes.
No vídeo, a servidora também pede que a empresa considere alternativas de transição ao trabalho presencial. “Que as necessidades não só de mãe solo como eu, mas de tantas outras realidades que estão sendo impactadas, sejam avaliadas para que a gente tenha um ambiente mais inclusivo, que possibilite conciliar trabalho e vida pessoal de forma mais eficaz.”
No dia 9 de março, a estatal anunciou que, a partir de abril, todos que trabalham no regime híbrido terão três dias presenciais por semana. A decisão provocou reação dos trabalhadores e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) convocou funcionários para uma greve de advertência de 24 horas no 26 de março, em defesa do teletrabalho e de outras melhorias das condições de trabalho.
Segundo a entidade, o “impacto é imenso para os petroleiros e petroleiras do regime administrativo”.
Segundo o comunicado da Petrobras do início de março, todos que aderiram ao modelo híbrido farão trabalho presencial de, no mínimo, três dias por semana, a partir de abril. Hoje, os funcionários trabalham presencialmente dois dias por semana, com exceção dos gerentes, que tiveram a escala presencial ampliada em setembro de 2024.
“Os mencionados ajustes visam aprimorar a integração das equipes e os processos de gestão, além de contribuir para a agilidade na entrega de importantes resultados para a companhia, que está em fase de crescimento de projetos”, afirmou a diretoria executiva da Petrobras.
A Petrobras não soube informar à Folha o número de funcionários que serão afetados.