A Prada está se aproximando de um acordo para comprar a Versace, da Capri Holdings, após concordar com um preço de quase 1,5 bilhão de euros (R$ 9,2 bi), segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
A Prada, com sede em Milão, e a Capri poderiam finalizar um acordo para a grife italiana de luxo ainda este mês, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as discussões são privadas. As negociações estão progredindo após a diligência inicial não ter encontrado riscos, disseram as pessoas.
O cronograma e a avaliação podem mudar e as negociações ainda podem fracassar, acrescentaram as pessoas. A Capri, que comprou a Versace em 2018 por cerca de 1,8 bilhões de euros (R$ 11 bi), não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário no domingo (2). A Prada se recusou a comentar.
As ações da Prada subiram até 4,1% nesta segunda em Hong Kong, onde a ação foi listada em 2011, em reconhecimento à importância do mercado chinês.
Uma potencial aquisição da casa de moda fundada pelo falecido designer Gianni Versace em 1978 permitiria à Prada criar um player italiano maior para competir melhor com grupos de luxo globais como LVMH e Kering.
Uma compra reverteria a tendência de décadas de grupos de moda italianos, como Gucci e Valentino, serem adquiridos por rivais estrangeiros.
“A Prada estaria bem posicionada para desenvolver o potencial da marca Versace a longo prazo, potencialmente abrindo caminho para que o grupo se torne a resposta da Itália aos conglomerados de luxo franceses”, disseram os analistas do UBS Group AG liderados por Susy Tibaldi em uma nota de 28 de fevereiro.
A Prada emergiu como uma das vencedoras do setor de luxo em meio a uma desaceleração global para itens de moda de alto padrão. Suas vendas dispararam no terceiro trimestre do ano passado, impulsionadas pela marca Miu Miu, rótulo popular entre os consumidores mais jovens.
A empresa italiana passou semanas avaliando a Versace com seus consultores, obtendo acesso exclusivo a dados financeiros e de vendas, informou a Bloomberg News em fevereiro, citando pessoas familiarizadas com a situação.
As estéticas da minimalista Prada e da “maximalista” Versace “são opostos polares” e não correriam o risco de canibalização, disseram analistas do UBS em nota.
Mesmo com um acordo, a Prada valerá uma fração de seus maiores concorrentes. A casa de moda tem uma capitalização de mercado de cerca de US$ 22,5 bilhões (R$ 132,3 bi), após um ganho de 14% nas ações desde o início do ano. A família de Miuccia Prada e seu marido Patrizio Bertelli controlam cerca de 80% da empresa.
O conglomerado francês LVMH, que possui Louis Vuitton e Christian Dior, bem como uma série de marcas italianas, incluindo Fendi e Loro Piana, tem um valor de mercado de 347,5 bilhões de euros (R$ 2,1 tri). A LVMH comprou no ano passado uma participação na empresa que controla a Moncler, a fabricante italiana de roupas de grife.
A Versace reportou uma receita de US$ 193 milhões (R$ 1,1 bi) para o terceiro trimestre do atual ano fiscal, uma queda de 15% em relação ao ano anterior, segundo um comunicado. No mesmo período, a perda operacional da marca aumentou de US$ 14 milhões (R$ 82,3 mi) para US$ 21 milhões (R$ 123,5 mi).
A Capri, que também possui a Michael Kors, contratou a Barclays para explorar opções para algumas das empresas de seu portfólio após uma fusão de US$ 8,5 bilhões (R$ 50 bi) com a Tapestry ter sido cancelada por uma ordem judicial. A dívida da Capri foi rebaixada para abaixo do grau de investimento pela S&P Global Ratings em fevereiro.