Eu tenho herpes labial várias vezes por ano. Existe alguma maneira de evitar que elas voltem?
Ela começa com uma formigamento nos lábios. Depois, surgem protuberâncias doloridas e cheias de líquido. Elas estouram, liberam líquido, formam crostas e eventualmente cicatrizam. Meses depois, o ciclo se repete.
A herpes labial pode se desenvolver após a infecção pelo vírus do herpes, normalmente causada por uma versão chamada herpes simplex tipo 1, ou HSV-1, que é diferente do tipo causador da herpes genital.
Para muitas pessoas, as lesões são “desagradáveis e doloridas”, explica Christine Johnston, professora de doenças infecciosas na Escola de Medicina da Universidade de Washington (EUA).
É uma infecção bastante comum: aproximadamente metade das pessoas nos Estados Unidos têm HSV-1.
Saiba mais sobre a herpes labial
O que causa a herpes labial? O vírus da herpes é “muito contagioso”, diz Dean Blumberg, chefe de doenças infecciosas pediátricas da UC Davis Health.
Você pode contraí-lo por meio de contato próximo com alguém infectado, como beijar ou compartilhar alimentos ou bebidas.
E nem sempre é fácil saber se alguém está contaminado, afirma Blumberg. As pessoas podem transmitir o herpes oral sem uma ferida aparente.
Se você for infectado, é possível não desenvolver o ferimento imediatamente ou mesmo nunca ter um, acrescenta Blumberg.
Pode levar anos antes de você ter um surto, acrescenta Johnston, ou, talvez, você nunca tenha um.
No entanto, uma vez que herpes labial se manifesta, o vírus pode causar surtos ao longo da vida. A frequência varia de pessoa para pessoa, mas algumas pessoas têm anualmente, enquanto outras várias vezes ao ano.
Qual o melhor tratamento para herpes labial? A maioria das feridas some conta própria em cerca de uma semana, diz Blumberg.
Mas os médicos geralmente recomendam que os pacientes tomem um medicamento antiviral oral sob prescrição, como aciclovir, valaciclovir ou famciclovir.
Os medicamentos antivirais são muito eficazes e é preciso tomá-los o mais rápido possível –ao primeiro sinal de formigamento ou sensibilidade ao redor da boca, por exemplo– para diminuir a dor e encurtar o tempo de cicatrização, acrescenta Johnston. Às vezes, ela diz, isso pode prevenir a formação da protuberância.
Se você tiver seis ou mais herpes por ano, o médico pode recomendar algo chamado terapia antiviral supressiva, que envolve tomar um medicamento antiviral todos os dias para reduzir o número, gravidade e duração dos surtos. Esse tratamento também pode reduzir suas chances de transmitir o vírus para outras pessoas.
Muitos tratamentos alternativos –como usando os ingredientes docosanol (Abreva)– afirmam curar feridas rapidamente, às vezes em apenas 2,5 dias. Mas os médicos não recomendam o método.
Eles são menos eficazes do que os antivirais orais pois não penetram nas células nervosas onde o vírus se instala. Assim, são incapazes de ir na raiz do problema para impedir que a herpes se replique, diz a médica Cindy Wassef, dermatologista do Robert Wood Johnson University Hospital em Somerset, Nova Jersey.
Também chamados de “medicamentos tópicos”, eles não curam as feridas tão rapidamente quanto os antivirais orais.
Apesar disso, outros métodos podem ajudar a reduzir a dor enquanto as feridas frias cicatrizam, como cremes anestésicos e analgésicos como acetaminofeno e aspirina, acrescenta Blumberg.
Também vale evitar ingerir alimentos ácidos, como cítricos ou vinagre, que podem causar ardência na ferida, recomenda Blumberg. Bebidas geladas, picolés e sorvetes de massa, por outro lado, podem ajudar a aliviar a dor.
É possível curar a herpes labial? Embora episódios individuais de herpes labial cicatrizem, não há como eliminar totalmente o vírus do seu corpo, então você sempre estará em risco de futuros surtos, afirma Wassef.
“O HSV-1 é uma infecção crônica”, salienta a médica Johnston. “Atualmente, não há cura.”
No entanto, se você souber que seus surtos são provocados por certos fatores como exposição à luz ultravioleta, por exemplo, você pode tentar evitá-lo com o uso de protetor solar ou e hidratantes labiais com fator FPS de pelo menos 30.
Os cientistas têm trabalhado em uma vacina contra o herpes.
Segundo a médica Johnston, os testes, porém, ainda estão em fase inicial.
Isso porque a ciência concentrou esforços no herpes genital, mais comumente causado pelo vírus do herpes simplex tipo 2, explica ela. Apesar disso, “esperançosamente, uma vez que tenhamos um avanço para a genital, também poderíamos estudá-lo contra a herpes labial.”
Os pesquisadores também estão investigando terapias que alteram o DNA do vírus no organismo.
Em um estudo de 2024, os cientistas injetaram camundongos com moléculas de edição de genes. Isso removeu 90% do vírus do herpes causadores das feridas (e 97% do vírus envolvido em herpes genital).
Os autores concluíram que a edição de genes poderia potencialmente contribuir para uma cura para herpes oral e genital, mas mais pesquisas são necessárias.
Por enquanto, a única maneira de preveni-las é primeiramente evitar contrair o vírus do herpes –mas isso ainda é praticamente impossível para muitas pessoas, diz. Johnston. “É um vírus muito onipresente na sociedade”, conclui.