Se conhecimento fosse suficiente para enriquecer, todo o mundo que lê sobre finanças estaria milionário. Mas por que as regras básicas são tão conhecidas e tão pouco aplicadas? Se perguntar a qualquer pessoa se é melhor começar a poupar cedo ou tarde, a resposta será óbvia. Se perguntar se endividamento excessivo é perigoso, a maioria concordará. No entanto, a realidade mostra que poucos colocam esse conhecimento em prática.
Começar a poupar cedo é uma das máximas mais repetidas no mundo das finanças. Todos sabem que, quanto antes começar, menor será o esforço necessário para atingir objetivos financeiros. Pequenos aportes acumulados ao longo dos anos crescem exponencialmente. Ainda assim, muitos adiam e, quando percebem, já perderam anos preciosos.
Esse comportamento pode ser explicado pelo viés do presente, que faz com que as pessoas priorizem recompensas imediatas em vez de benefícios futuros. Poupar para a aposentadoria parece algo distante quando há tantas necessidades no agora. Para evitar esse erro, uma estratégia eficaz é automatizar os investimentos, garantindo que uma parte da renda seja aplicada todo mês sem depender de decisões momentâneas.
Comportamento similar acontece com as dívidas. Todos sabem que endividamento excessivo pode ser um problema, mas, na prática, o consumo impulsivo fala mais alto. O prazer da compra no presente parece superar qualquer risco futuro. Muitos se endividam para antecipar sonhos e, depois, percebem que comprometeram a liberdade financeira.
Também aqui podemos citar o viés da gratificação imediata, que nos faz querer recompensas instantâneas, ignorando as consequências futuras. O crédito fácil explora esse viés ao tornar as compras impulsivas quase irresistíveis. Para evitar esse erro, uma técnica eficaz é adiar grandes compras por 48 horas. Isso reduz a impulsividade, permitindo uma decisão mais racional. Afinal, vontade é aquilo que dá e passa.
Outra regra amplamente conhecida, mas pouco aplicada, é a importância de poupar para a aposentadoria. Todos sabem que depender apenas do INSS não garante uma renda confortável, mas a maioria adia esse planejamento. O problema é que, quando a aposentadoria chega, quem não se preparou descobre que terá que reduzir drasticamente o padrão de vida ou continuar trabalhando.
Esse comportamento está ligado ao viés da miopia temporal, que faz as pessoas subestimarem eventos futuros. Como a aposentadoria parece distante, há uma tendência natural de postergá-la. O tempo, que poderia ser um aliado, se torna um inimigo ao se iniciar tarde demais. A solução está em transformar o planejamento da aposentadoria em hábito, ajustando as contribuições conforme a renda cresce.
O problema não é falta de conhecimento, mas sim a forma como o cérebro humano lida com escolhas. O presente parece mais real do que o futuro, as emoções dominam as decisões e, muitas vezes, buscamos justificativas para adiar o que sabemos ser certo. Assim como sabemos que exercícios fazem bem, mas muitos evitam, ou que alimentação saudável é essencial, mas seguimos optando por conveniência, nas finanças a lógica se repete.
Saber o que fazer não é o problema. O problema é se você vai continuar ignorando o que já sabe.
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