A chinesa GWM inicia a migração da cidade para o campo. Após lançar os SUVs eletrificados de apelo urbano da linha Haval, a montadora apresenta o jipão Tank 300, seu primeiro utilitário com habilidades para o uso fora-de-estrada.
O desenho é até original por dentro, mas por fora traz as generalidades de outros utilitários com maior potencial off-road. Os faróis redondos em contraste aos recortes quadrados da carroceria remetem aos modelos Jeep Wrangler, Mercedes Classe G e Ford Bronco.
A montadora chinesa, contudo, não nega essas influências. Tais modelos serviram de inspiração para o Tank 300, que ambiciona conquistar outro público. A fabricante deseja atrair compradores que hoje preferem modelos grandalhões movidos a diesel.
Entre os concorrentes, a GWM cita os utilitários Toyota SW4 (a partir de R$ 404.090) e Mitsubishi Pajero Sport (R$ 355.990). Diante deles, o principal argumento do Tank 300 é o preço.
O jipe chinês é anunciado por R$ 333 mil até o fim de abril. Segundo Diego Fernandes, COO (diretor de operações) da GWM no Brasil, os carros vendidos agora chegaram ao país em uma condição mais favorável de tarifas, antes da próxima etapa de recomposição do Imposto de Importação que incide sobre os veículos estrangeiros eletrificados.
O executivo diz que já foi feito um plano para a recomposição gradativa do tributo. Desde julho de 2024, a alíquota é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos. A volta ao patamar de 35% está prevista para o início de 2026.
Fernandes afirma ainda que a marca tem 101 concessionárias no Brasil, mas há planos para chegar a 130 pontos de venda até o fim deste ano.
A comercialização ocorre também por meio de parceria com o portal Mercado Livre, que promete aprovação rápida de crédito. É recomendável comparar as taxas antes de fechar o negócio.
O conjunto mecânico do Tank 300 traz longarinas parrudas. É entre elas que a bateria foi instalada, na parte traseira. A posição preserva o componente no uso fora de estrada, sendo possível passar por trechos com pedras e cruzar áreas alagadas com profundidade de até 70 cm.
De acordo com a medição feita no padrão do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), a autonomia no modo puramente elétrico é de 75 km. É possível carregar a bateria em plugues DC, o que permite recuperar a energia rapidamente, a 50 kWh. A capacidade máxima é atingida em cerca de meia hora.
O motor elétrico é acoplado ao câmbio automático de nove marchas. Somado ao 2.0 turbo a gasolina, o conjunto mecânico gera 394 cv de potência.
A tração 4×4 tem sistema de redução com acionamento eletrônico, pensado para transpor trilhas mais pesadas.
Os botões giratórios para selecionar os modos de uso off-road lembram os utilizados nos modelos da JLR (Jaguar Land Rover).
O banco do motorista do Tank 300 traz ajustes elétricos e encosto com massageador embutido. A posição ao volante é mais cômoda do que a encontrada nos jipões da Toyota e da Mitsubishi, que são construídos sobre as bases das picapes médias Hilux e Triton, respectivamente.
É essa configuração que garante a robustez dos utilitários japoneses movidos a diesel. Transpor essa barreira não será tarefa fácil para a GWM. Embora esteja construindo uma boa imagem no Brasil, a marca chinesa tem nos resultados ruins de venda da picape híbrida BYD Shark um motivo para se preocupar.
Para vencer as desconfianças, o Tank oferece tecnologia. Duas telas formam um monitor de 24,6 polegadas: de um lado, há o quadro digital de instrumentos, no outro, a central multimídia com loja de aplicativos integrada.
O teto solar é tradicional, pequeno diante das opções panorâmicas disponíveis em alguns modelos. Mas é possível abri-lo ou fechá-lo por meio de um aplicativo desenvolvido para o carro.
As janelas dianteiras têm dupla camada de vidro acústico, e GWM segue silencioso mesmo nos trechos off-road em que o motor a combustão é mais acionado.
O estepe pendurado na tampa traseira reforça o apelo fora-de-estrada e faz o Tank 300 parecer maior que seus 4,76 metros.
O lançamento assume o posto de topo da linha GWM no Brasil e deverá ser montado localmente. A fábrica de Iracemápolis (interior de São Paulo) inicia as operações neste semestre, e os primeiros modelos serão da linha Haval.
O jornalista viajou a convite da GWM