Os EUA abriram investigações de segurança nacional que podem levar à cobrança de tarifas sobre chips e produtos farmacêuticos, o que aumentaria a guerra comercial mundial.
O presidente do país, Donald Trump, afirmou repetidamente que planeja aplicar taxas elevadas aos dois setores, e autoridades dos EUA comentaram no fim de semana que produtos eletroeletrônicos como celulares e computadores poderiam ser incluídos na investigação sobre chips.
As investigações ocorrem apesar de uma série de reviravoltas tarifárias nos últimos dias, incluindo a decisão de Trump na semana passada de suspender tarifas “recíprocas” elevadas contra muitos países, além de anunciar na noite de sexta-feira (11) uma isenção temporária para produtos eletrônicos que ajudará empresas de tecnologia dependentes de importações chinesas.
Em duas decisões separadas no Diário Oficial na tarde de segunda-feira (14), os EUA disseram que estavam investigando as implicações de segurança nacional da importação de semicondutores e equipamentos de fabricação de semicondutores, e também que examinariam produtos farmacêuticos, seus ingredientes e materiais derivados.
A investigação sobre produtos farmacêuticos abrangeu tanto os genéricos quanto os de marca, e insumos críticos como ingredientes farmacêuticos ativos, segundo o registro.
As duas investigações foram iniciadas pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, em 1º de abril, de acordo com os registros, um dia antes de Trump anunciar suas agora pausadas “tarifas recíprocas” no chamado dia da libertação.
Essas apurações, conhecidas como investigações da Seção 232, geralmente levam vários meses para serem concluídas e exigem um período de aviso público e comentários. A administração Trump apontou que receberá sugestões por 21 dias.
Os registros são divulgados no momento que Trump indicou que refinará seu regime tarifário.
Mais cedo na segunda-feira, Trump disse que estava “buscando algo para ajudar as montadoras” que estavam fabricando veículos na América do Norte.
“Eles estão mudando para peças que foram feitas no Canadá, México e outros lugares, e precisam de um pouco de tempo, porque vão fabricá-las aqui”, disse Trump do Salão Oval na segunda-feira.
Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações de carros e peças no mês passado, em um movimento que deve elevar os custos para os consumidores dos EUA e desestabilizar as cadeias de suprimentos automotivas globais.
Sob o regime comercial, carros e peças fabricados no Canadá e no México enfrentam tarifas mais baixas e só atraem a tarifa de 25% sobre o que não feito nos EUA se cumprirem as regras do acordo comercial USMCA de 2020.
As declarações de Trump na segunda-feira sugerem que ele pode aumentar o prazo para transferirem suas cadeias de suprimentos para a América do Norte.
As ações das chamadas Três Grandes montadoras do país —Ford, Stellantis e General Motors— subiram na segunda-feira, com a GM fechando com alta de mais de 3%, a Ford saltando 4% e a Stellantis, 5,6%.
O trio tem feito lobby junto ao governo há meses para oferecer uma isenção total de tarifas para quaisquer carros e peças que cumpram o USMCA.
“Acho que há uma conscientização crescente de que algumas dessas tarifas sobre peças estão tendo consequências não intencionais e tornando mais difícil montar veículos nos Estados Unidos”, comentou Matt Blunt, presidente do American Automotive Policy Council, que representa as três empresas.
As montadoras também foram afetadas pelas tarifas de 25% de Trump sobre importações de aço e alumínio, enquanto alguns fabricantes de veículos enfrentam outras tarifas, como as de 20% de produtos exportados da China.
“Há um entendimento de que algumas das tarifas individuais impostas sobre peças estão minando o objetivo de fabricação nos EUA, que é algo que compartilhamos com a administração”, avaliou Blunt.