A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, afirmou nesta quarta-feira (9) que a queda do petróleo assusta, mas que os projetos da estatal são resilientes a cenários de baixa nas cotações internacionais.
Nesta segunda (7), o barril do petróleo Brent chegou a ser negociado abaixo dos US$ 60 pela primeira vez desde fevereiro de 2021, ainda sob a pandemia do Covid-19. A cotação despencou cerca de US$ 15 desde que o governo dos Estados Unidos anunciou novas tarifas comerciais, no dia 1º.
“O Brent caindo assusta, mas todos os nossos projetos são resilientes”, afirmou Sylvia, em discurso na abertura de evento sobre o setor no Rio de Janeiro. Segundo ela, os projetos são aprovados para resistir a um preço de petróleo de até US$ 28 por barril.
A diretora da Petrobras afirmou que a empresa não planeja nenhuma revisão de projetos diante do cenário atual que, segundo ela, é passageiro. “Podemos passar por esses altos e baixos”, disse.
O plano de investimentos da estatal trabalha com o petróleo em torno de US$ 83 por barril em 2025. Mas Sylvia lembrou que há outras variáveis na avaliação dos investimentos, como o câmbio —que está hoje em torno de R$ 6,10, bem acima dos R$ 5 usados pela Petrobras na elaboração do plano.
Em relatório divulgado na terça (7), analistas do UBS BB avaliam que a estatal tem pouca margem para cortar investimentos, ao contrário de petroleiras de menor porte, e por isso a queda do petróleo pode representar uma redução na distribuição de dividendos.
“O perfil de longo prazo dos investimentos em exploração e produção da Petrobras indica que há pouco que a companhia possa fazer em termos de corte de investimentos”, escreveram Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Rodrigues.
Sylvia afirmou que a indústria do petróleo está acostumada a conviver com crises. “Quem está nessa indústria há muito tempo sabe que crise não é exceção, crise é regra”, disse. “Temos que ter projetos resilientes.”
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse no evento que a queda das cotações internacionais “acende sinal amarelo” para as finanças do estado, principal produtor de petróleo do país.
O orçamento de 2025 já prevê um déficit de R$ 14 bilhões, que foi reduzido para cerca de R$ 12 bilhões com cortes promovidos pelo governo durante o ano. Com a queda do petróleo, diz Castro, sua administração terá que trabalhar em novos cortes.
“Não temos nenhuma perspectiva de faltar dinheiro, porque o Rio tem hoje um colchão muito interessante, dono de R$ 22 bi em caixa”, ponderou. “Mas, certeza quando você tem uma redução excessiva [do barril] você começa a queimar os seus ativos e é isso que a gente não quer”.