A tarifa de 25% sobre veículos importados proposta pelo governo Donald Trump é até leve diante do regime tributário brasileiro para o setor. Em comum, ambos os países têm uma forte indústria automotiva.
Caso não haja um acordo comercial vigente, veículos importados com motor a combustão que chegam ao mercado brasileiro são taxados em 35% na forma do Imposto de Importação. É o caso do Ford Bronco, que é produzido no estado americano do Michigan, ou do alemão Audi A3.
Os eletrificados passam por um momento de transição de tarifas. Desde julho de 2024, a taxa é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para demais híbridos. A volta ao patamar de 35% está prevista para o início de 2026, embora a Anfavea (associação das montadoras) pressione pela recomposição imediata do tributo.
Tanto aqui quanto nos EUA, a justificativa para a cobrança é estimular e preservar a produção local de veículos, que movimentam a economia em diferentes regiões. Os operários das linhas de montagem têm remunerações mais altas quando comparadas a outras atividades da indústria de transformação.
O governo Trump, entretanto, tem preocupado as montadoras com os planos de tarifar também a importação de componentes.
Segundo o índice criado pela Kogod School of Business, da American University (Washington), as montadoras instaladas nos Estados Unidos utilizam, no máximo, 81% de peças produzidas localmente, em uma conta que inclui o Canadá.
São medidas legítimas, mas que podem trazer um efeito indesejado. As tarifas atingem marcas que, embora já tenham linhas de produção locais, dependem de importações de veículos prontos para compor o portfólio.
Essas montadoras podem perder competitividade diante do avanço das marcas chinesas, que têm conseguido oferecer produtos a preços atraentes mesmo diante de barreiras tributárias em diferentes mercados.
Em um primeiro momento, pode até ocorrer uma procura maior por produtos “made in USA”, mas o futuro é incerto e não é possível aumentar a produção do dia para a noite.