A ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de dobrar a tarifa cobrada para produtos com aço e alumínio importados do Canadá forçou a província de Ontário a ceder e suspender a aplicação de uma taxa em retaliação ao tarifaço de Washington.
Autoridades dos dois países provocaram um vaivém de medidas, com saldo até o momento mais positivo para o líder republicano.
O novo capítulo da queda de braço começou na segunda (10), quando o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, impôs uma sobretaxa de 25% na energia elétrica que a província exporta para os estados americanos de Nova York, Michigan e Minnesota.
Em resposta, o presidente dos EUA anunciou nesta terça-feira (11) que passaria a cobrar do Canadá um imposto de importação de 50% sobre itens com aço e alumínio, em vez dos 25% previstos anteriormente.
Inicialmente, as autoridades canadenses responderam com firmeza, dizendo que não iriam suspender ou reduzir tarifas retaliatórias. Ford chegou a dizer que “Ontário e o Canadá não recuarão até que as tarifas do presidente Trump sejam eliminadas de vez”.
Horas depois, no entanto, o líder da província mais populosa do país voltou atrás e recuou da cobrança extra sobre a energia elétrica. Trump, por sua vez, também moderou o discurso, dizendo respeitar a decisão de Ontário e afirmando que “provavelmente” reduziria a sobretaxa de 50% anunciada mais cedo —decisão confirmada pelo assessor de comércio do presidente, Peter Navarro.
Mas o tarifaço de Trump continua, e a taxa de 25% segue prevista para entrar em vigor. Segundo Washington, o imposto sobre aço e alumínio é uma tentativa de proteger a indústria doméstica. Em sua gestão anterior, o republicano impôs tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre o alumínio.
O recuo de Ontário foi anunciado pelo primeiro-ministro provincial na rede social X (ex-Twitter) após um diálogo “produtivo” com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
A publicação diz que Lutnick aceitou “reunir-se oficialmente” com Ford em Washington na quinta-feira (13) e com o representante americano de Comércio Exterior, Jamieson Greer, para discutir o assunto antes do prazo para que entrem em vigor as taxas recíprocas entre os dois países, em 2 de abril.
O futuro primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, não se pronunciou após o recuo de Ontário. Horas antes, ele havia afirmado que a determinação de Trump é um “ataque aos trabalhadores, famílias e empresas canadenses”, prometendo manter tarifas com “impacto máximo aos EUA” e mínimo ao Canadá.
“Meu governo manterá nossas tarifas até que os americanos nos mostrem respeito e façam compromissos críveis e confiáveis com o comércio livre e justo”, escreveu Carney em uma postagem nas redes sociais.
Antes de moderar o tom, Trump também disse em postagem na sua rede social Truth Social que havia instruído seu secretário de comércio a dobrar a tarifa sobre os metais.
“Além disso, o Canadá deve imediatamente eliminar sua Tarifa Anti-Fazendeiro Americano de 250% a 390% sobre vários produtos lácteos dos EUA, o que há muito tempo é considerado ultrajante. Em breve, estarei declarando uma emergência nacional sobre eletricidade na área ameaçada”, postou Trump.
A única coisa que faz sentido é que o Canadá se torne nosso querido 51º estado. Isso faria com que todas as tarifas, e tudo mais, desaparecessem totalmente
O presidente dos EUA também ameaçou “aumentar substancialmente” as tarifas sobre carros que entram no país a partir de 2 de abril “se outras tarifas escandalosas e de longa data não forem igualmente eliminadas pelo Canadá.”
Trump também voltou a falar nesta terça em anexar o Canadá como 51º estado dos EUA, ameaça que vem fazendo desde que tomou posse em 20 de janeiro. “A única coisa que faz sentido é que o Canadá se torne nosso querido 51º estado. Isso faria com que todas as tarifas, e tudo mais, desaparecessem totalmente.”
Com AFP, Reuters e do Financial Times