O principal negociador comercial da UE (União Europeia) estima que Donald Trump imponha tarifas de cerca de 20% ao bloco na próxima semana, enquanto o presidente dos Estados Unidos toma medidas agressivas para reduzir os déficits comerciais.
Após se reunir com figuras importantes da administração Trump esta semana, Maros Sefcovic, comissário de comércio da UE, disse a autoridades que o plano final de Washington ainda é incerto, mas que as tarifas se aplicariam igualmente a todos os 27 Estados-membros.
Duas pessoas disseram que o comissário sugeriu, com base em sua própria avaliação das conversas em Washington, que as tarifas estariam “na faixa de 20%”. Os EUA não sinalizaram que haveria isenções ou exceções.
Sefcovic alertou os oficiais americanos que uma tarifa de 20% sobre as importações da UE seria “devastadora” para o bloco, de acordo com o primeiro funcionário informado sobre as conversas. O nível da tarifa dos EUA seria mais alto do que em qualquer estágio desde que os membros fundadores da UE lançaram uma política comercial comum no final dos anos 1950.
Sefcovicse encontrou esta semana com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, o representante comercial Jamieson Greer e Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, em uma tentativa de última hora para evitar uma guerra comercial transatlântica total.
A implementação da política comercial de Trump tem sido caótica e marcada por uma série de reviravoltas, dificultando que parceiros comerciais façam previsões.
Mas autoridades da UE disseram que o lado americano estava inflexível em sua determinação de aplicar tarifas e implacável em levantar queixas sobre as políticas comerciais da UE nas reuniões com Sefcovic. Trump afirmou que o bloco foi criado para “prejudicar os EUA” e não comprava produtos americanos suficientes.
Ele apelidou o dia 2 de abril de “dia da libertação”, dizendo que imporia tarifas “recíprocas” aos parceiros comerciais que se aproveitaram das baixas barreiras comerciais dos EUA para inundar seu mercado.
Um funcionário da Casa Branca disse que “nenhuma decisão final foi tomada” sobre quais serão as tarifas recíprocas para os parceiros comerciais dos EUA.
Sefcovic disse publicamente, logo após as reuniões, que o “trabalho árduo continua”. Ele postou no X: “A prioridade da UE é um acordo justo e equilibrado em vez de tarifas injustificadas. Compartilhamos o objetivo de força industrial em ambos os lados.”
Autoridades da UE reconhecem que os EUA não estão dispostos a mudar de política. A justificativa para as tarifas e o nível ainda são incertos, disseram.
Sefcovic esperava convencer seus pares americanos de que tinham um interesse mútuo em reindustrializar e defender seus mercados de importações chinesas baratas.
Bruxelas começou a preparar uma segunda leva de tarifas retaliatórias caso Trump confirme taxas adicionais na próxima semana. A UE já elaborou um pacote de 26 bilhões de euros, que se aplicará a partir de 12 de abril, em resposta às tarifas sobre aço e alumínio impostas no início deste mês.
Algumas das tarifas foram adiadas de 1º de abril depois que os estados-membros temeram uma resposta ainda mais dura de Washington. A França convenceu Bruxelas a adiar taxas de 50% sobre o uísque bourbon depois que Trump disse que atingiria champanhe e vinho com tarifas de 200% em troca.
Autoridades dos EUA ainda não decidiram quais tarifas se aplicariam em 2 de abril e quais ferramentas legais usar para aplicá-las, acrescentaram pessoas familiarizadas com as conversas.